Torne um cineastra

Fazer um filme é uma empreitada super criativa e divertida. Os cineastas são os profissionais responsáveis por grande parte das decisões artísticas de um filme, desde o roteiro até os efeitos sonoros. Para aprender mais sobre a sétima arte, matricule-se em um cursinho ou em uma faculdade de cinema. Você também pode se juntar a uma equipe de filmagem para adquirir mais experiência e fazer alguns contatos profissionais. Já para fazer o seu próprio filme, você mesmo vai precisar montar uma equipe do zero.

Faça um curso ou matricule-se em uma faculdade de cinema. 

Você não apenas vai aprender bastante sobre a área como também vai conhecer outras pessoas apaixonadas pela sétima arte. Talvez até consiga encontrar trabalho ou montar uma equipe com a ajuda dos seus colegas e professores. Existem várias escolas de cinema que oferecem cursos rápidos para quem não está disposto a fazer uma faculdade voltada para a área

Estude uma área relacionada. 

Os profissionais do cinema vêm de diversas áreas diferentes. Alguns são escritores e outros, artistas plásticos. O teatro também cria vários dos futuros profissionais da sétima arte. Experimente fazer alguns cursinhos sobre esses tópicos para ampliar o seu conhecimento e se preparar para a carreira de cineasta.

Conheça mais filmes. 

Assista diversos filmes para ter ideias para a sua própria produção. Separe títulos de diferentes gêneros e épocas e fique atento a detalhes como:

  • Do que mais gostou no filme?
  • O que torna a história crível?
  • O que torna um personagem específico marcante?
  • Quais objetos de cena foram bem usados?
  • Como a locação afeta o filme como um todo?

Preste atenção em notícias do mercado.

É muito importante se manter atualizado a respeito do que acontece no mercado de cinema. Fique atento às novas tendências e notícias para ter uma boa noção do que o espera

Faça contatos. 

Conhecer outras pessoas que trabalham na área pode ser uma mão na roda. Siga nomes importantes do mercado cinematográfico nas redes sociais e vá a todos os eventos temáticos que conseguir

Encontre um mentor. 

Converse com um profissional experiente da área e peça algumas dicas e toques para ele. Peça para acompanhá-lo em um dia de trabalho para ver como funciona um set de verdade.

  • Pode ser que consiga encontrar um mentor na faculdade ou no seu curso de cinema. Converse com um colega mais experiente ou com um dos seus professores. Outra opção é encontrar alguém no trabalho para ensinar as manhas para você depois que começar a ganhar experiência prática na área.

Junte-se a uma equipe de filmagem. 

Para ganhar experiência na indústria cinematográfica, você vai precisar trabalhar em um filme. Faça uma busca na internet para encontrar oportunidades de trabalho perto de você e pergunte aos seus colegas e professores se eles sabem de uma vaguinha em algum set.

Ofereça-se como assistente de produção para aprender mais sobre essa área. 

O produtor ajuda na escolha da equipe de filmagem e dos atores, além de ser responsável por toda a produção do filme. É ele o verdadeiro líder da equipe e quem coloca o projeto em ação. Além da experiência profissional, você também vai precisar estudar bastante para ser um produtor. Para começar, porém, experimente procurar uma vaguinha de assistente.

Assista o diretor para ficar no centro das filmagens.

 O diretor é responsável por supervisionar as filmagens e a montagem do filme, trabalhando lado a lado com todos os outros membros da equipe.

Entre para a equipe de roteiristas se quiser desenvolver uma história. 

Os roteiristas ficam responsáveis pelo roteiro do filme, criando um enredo coeso e interessante. São também eles que escrevem os diálogos para os atores e criam transições adequadas entre uma cena e outra

Fique responsável pela câmera se estiver interessado em fotografia. 

O câmera é o profissional responsável pela filmagem propriamente dita. É essencial que ele tenha experiência com câmeras de vídeo e seja capaz de filmar de diferentes ângulos. Algumas produções exigem vários câmeras, posicionados em locais distintos

Trabalhe como gaffer se tiver experiência na parte elétrica.

O gaffer é o profissional encarregado da iluminação do filme. Ele também atua como chefe da equipe de elétrica e fica encarregado de garantir o fornecimento de energia para o set e o posicionamento adequado de todos os cabos.

  • Normalmente, as equipes também contam com operadores de boom para cuidar dos microfones. Caso esteja interessado na área de som, tente encontrar uma vaga como operador de boom.

Experimente atuar se quiser ficar na frente das câmeras.

 Os atores são as estrelas dos filmes. Logo, é muito importante que você tenha experiência na área se quiser trabalhar com ela. Os atores devem ser capazes de se transformar nos personagens que interpretam, mesmo que tenham personalidades completamente distintas.

Entre para a equipe de pós para mexer no visual do filme. 

A equipe de pós-produção entra em ação logo depois do fim das filmagens. Eles escolhem quais tomadas serão usadas no corte final, editam o conteúdo e adicionam a música e os efeitos especiais.

Compre ou alugue o equipamento adequado.

 A primeira coisa de que você vai precisar é uma câmera. Não precisa comprar uma top de linha. Opte por uma máquina acessível e de boa qualidade. Você vai ter tempo para arrumar um equipamento melhor no futuro.

  • Caso a câmera não tenha um microfone muito bom, compre alguns booms para captar direitinho as vozes dos atores.

contada e se identificar com os personagens.

  • Preste atenção no conteúdo. O que acontece no filme é muito mais importante do que o equipamento com o qual ele vai ser rodado. Lembre-se de ter bastante cuidado com o conteúdo e de criar uma história que as pessoas queiram ver e com a qual elas possam se identificar.

Monte a sua equipe. 

Para fazer um filme, você vai precisar de uma equipe para manter as coisas em ordem. Escolha pessoas para ocupar os postos que você não pode ocupar, como o de produtor, diretor, roteirista, câmera, gaffer, operador de boom, figurinista, diretor de arte, produtor técnico e, é claro, os atores.

  • Caso tenha feito um curso de cinema, veja se não tem nenhum colega interessado em participar do seu filme. Você também pode colocar um anúncio no mural da escola ou na internet par encontrar integrantes para a sua equipe.

Comece as filmagens. 

Escolha um dia bom para a sua equipe chegar no set. Trabalhe com os atores para que eles saibam como devem falar e demonstrar emoção. Não tenha pressa. O filme vai ficar bem melhor se você tiver calma e paciência. Em alguns casos, pode ser que você tenha que filmar uma mesma cena várias vezes até ela ficar boa.

Edite o filme. 

Dê uma olhada nas cenas para encontrar as melhores tomadas. Adicione a música e os efeitos sonoros e fique atento aos detalhes para que o filme fique o melhor possível. Lembre-se de que as transições devem ficar perfeitas e de que você não deve deixar passar nenhum errinho de continuidade, como um ator tomando limonada e refrigerante em duas tomadas de uma mesma cena.

Divirta-se.

 Essa é a parte mais importante. Do contrário, a sua irritação vai transparecer no filme. Ria dos seus erros e tire um intervalinho sempre que precisar. Não se esqueça de que você está fazendo um filme por amor. Trabalhe pela diversão, e não pela fama.

Distribua o filme. 

Exiba-o de todas as formas que puder. Coloque-o na internet, nas suas redes sociais, no YouTube e no Vimeo. Também é bom mostrar o filme ao vivo para outras pessoas. Inscreva-o em concursos ou monte uma exibição pequena na sua cidade.

Motivação para continuar a trabalhar

Green Studio quer exportar conteúdos de Cabo Verde para o mundo

Há mercado – 1,6 biliões de pessoas que vivem em África, mais uma diáspora de 200 milhões de cidadãos espalhados pelo mundo; há indústria – como Nollywood, o cinema nigeriano, que produz mais filmes por ano que a própria Hollywood; falta o elo que ligue um à outra e a empresa cabo-verdiana quer ocupar esse espaço.
A sonhar, que seja em grande. “Não vale a pena passar cinco ou dez anos a sonhar pequeno”, diz ao Expresso das Ilhas Saulo Montrond, proprietário da Green Studio. A empresa cabo-verdiana de audiovisual e publicidade tem feito correr muita tinta nos últimos dias, principalmente depois da aquisição de um terreno em Palha Sé, na Praia, ter vindo a público (apesar do negócio já ter meses). Mas vai fazer correr muita mais. Na verdade, a Green Studio não quer construir um parque de raiz, quer construir três, com os outros dois a situarem-se nas ilhas do Sal e de São Vicente.
“Quando falamos do projecto e dos valores envolvidos, as pessoas podem ficar assustadas, mas é importante entender que este negócio não é novo. Cá em Cabo Verde pode ser, mas conteúdos é o novo petróleo. Aliás, hoje em dia a indústria de conteúdos vale mais do que o petróleo”, sublinha Montrond.
O projecto, ou melhor, as infra-estruturas que o vão sustentar são os já referidos três parques. Um em Santiago, que vai ser o quartel-general dos canais de televisão, vai ter estúdios, um anfiteatro ao ar livre com espaço para 10/20 mil pessoas, e também vai albergar uma universidade. “Acreditamos que será a base de tudo. O grande desafio na área de conteúdos é a formação, qualquer um compra uma câmara e faz um filme, mesmo aqui em Cabo Verde somos autodidactas, imagine-se se tivéssemos formação como há em Portugal, no Brasil ou nos Estados Unidos”. Neste momento a Green Studio está em contacto com a Emerson College, de Boston, dedicada exclusivamente à comunicação e às artes, “e queremos abrir uma universidade nesse parque, com dormitório, onde as pessoas podem vir de toda a África estudar cinema, televisão, etc., mas ao mais alto nível. Não queremos construir uma universidade de raiz, queremos fazer a parceria e eles é que vão gerir essa universidade que se quer de referência no continente”.
Em São Vicente, querem também construir um parque, muito semelhante ao que existe no Brasil, onde estão os Estúdios da Globo. “Já identificámos um terreno em frente ao aeroporto, estamos em negociação, e queremos aproveitar o potencial natural de São Vicente, ligado ao teatro e ao cinema, para lá produzirmos conteúdos, como séries e filmes. Achamos que há potencial, temos de criar condições e explorá-lo”.
Para o Sal, está previsto mais um parque e um estádio. “Tivemos duas experiências com o Beach Soccer, e posso dizer que foi a maior exportação cabo-verdiana. Esse conteúdo, que não é nosso, mas sim da FIFA, no primeiro ano, foi transmitido para 86 países, com um potencial de 300 milhões de pessoas, que ficaram a saber onde fica Cabo Verde. É a maior exportação de sempre. Queremos um estádio onde podemos fazer Beach Soccer, boxe, basquetebol, a nossa visão a médio longo prazo é porque não Fórmula 1 na ilha do Sal? É possível, no Dubai foi construído um circuito de raiz”.
Esta é a base, o produto é os conteúdos, o negócio é o consumo desses conteúdos on demand, através do pay per view. Ou seja, nada está a ser criado de novo a novidade é a exportação de produtos africanos para o mundo. “O nosso objectivo é sermos criadores, agregadores e distribuidores de conteúdos. Não temos a pretensão de sermos nós a produzir tudo. O que estamos a construir neste momento vai beneficiar de forma directa, repito directa, todas as outras empresas em Cabo Verde e no continente”.
A visão da empresa é África. “O que me motivou? Muitas vezes, ao aceder à Internet descobria conteúdos que não passam no Youtube em Cabo Verde. Como há produtos que não são vendidos em Cabo Verde, porque o mercado não lhes interessa. Mas estamos a falar de um continente com 1,6 biliões de pessoas, com uma diáspora de 200 milhões de pessoas, e temos um desafio enorme que é a questão das regiões: Nigéria não quer saber da África do Sul e vice-versa, Marrocos não quer saber da Etiópia, etc”.
No fundo, o que Saulo Montrond considera que falta ao continente é a espécie de continuidade que existe nos EUA, ou na Europa, em termos de audiovisuais. Por exemplo, a África do Sul tem uma economia específica, uma indústria audiovisual específica, mas ninguém a conhece no resto de África. O mesmo pode dizer-se sobre a indústria cinematográfica da Nigéria (a terceira maior do mundo, duzentos filmes produzidos por mês, mais de um milhão de empregos – apenas superado pelos postos de trabalho no sector agrícola), estima-se que venha a valer 9 biliões de dólares até 2019.
“É aqui que entra a Green Studio, queremos criar as condições para que o mundo possa desfrutar das maravilhas de África. A nossa lógica é em vez de estarmos a dizer às pessoas que o funil seja de fora para dentro, queremos que seja de África, passe por Cabo Verde e daí para o mundo. No fundo, o papel que já tivemos várias vezes em 500 anos de história: empacotar tudo o que é conteúdo africano e através daqui, sem precisarmos de aviões ou de barcos, enviar esses conteúdos para o mundo, aproveitando a nossa credibilidade enquanto nação, uma vez que temos estabilidade política, estabilidade social e a melhor localização possível. Tendo credibilidade e tendo estrutura física, tendo a tecnologia, podemos exportar conteúdos e provámos isso”.
O campeonato africano de boxe de pesos pesados, disputado na Praia no passado fim-de-semana, foi o grande teste. A Green Studio, através da sua filial nos Estados Unidos da América, conseguiu fechar um contracto com a iN DEMAND, a empresa número um do mundo em venda de conteúdos pay per view, garantindo assim a transmissão para um mercado nunca antes explorado por uma empresa cabo-verdiana. “Saímos de um mercado de 500 mil pessoas e entrámos noutro de 60 milhões de casas. Ou seja, tínhamos um produto e entrámos num mercado”.
“O nosso objectivo foi cumprido. Quisemos assinar este contracto e cumprir, porque nos EUA se falhas uma vez, podes esquecer. Portanto, o objectivo foi que a transmissão não parasse, que houvesse qualidade e isso foi conseguido”. Atrás ficou um trabalho de meio ano e um evento que envolveu mais de 50 pessoas, com equipas no gimnodesportivo da Várzea, nos EUA e no Dubai.
A iN DEMAND é a mesma empresa que, por exemplo, vendeu o recente combate entre Conor McGregor e o Floyd Mayweather (final do campeonato do mundo UFCUltimate Fighting Championship). Só com o pay per view, nessa noite, conseguiu meio bilião de dólares (o conteúdo foi vendido por $99 USD, já o campeonato mundial de pesos pesados africanos teve um preço mais modesto, $24,99 USD, cerca de 2.500$00).
“500 milhões de dólares numa hora. Não há nenhuma indústria, nenhum negócio com essa capacidade de facturação. E sem falar em patrocínios ou na venda de bilhetes”, sublinha Saulo Montrond.
“Para poder vender um telemóvel tenho de produzir um telemóvel. Se quiser vender mil tenho de produzir mil. Em Cabo Verde falamos dos hubs, e podemos continuar a planear isso, mas quando faço o meu plano de negócios tenho sempre uma limitação física, que é o número máximo de aviões que podem aterrar num aeroporto, ou quantos barcos podem atracar no porto. Com os conteúdos não, desde que ele tenha qualidade, posso vendê-lo para uma pessoa como para 100 milhões. É a única indústria que tem essa flexibilidade”.
Os números são astronómicos, a possibilidade de criar empregos qualificados e bem pagos mexe com a cabeça de qualquer um. Mas há ainda uma ponta solta, como é que se cria todo um negócio num arquipélago pequeno e pobre? “Já tive essa discussão com o anterior ministro da cultura e com o actual. O desenvolvimento do audiovisual está dependente também das televisões nacionais. Porque ninguém vai produzir uma série ou um filme em Cabo Verde enquanto as televisões nacionais passarem a série mais cara do mundo a custo zero. Eu posso produzir uma novela, por mais qualidade que tenha, nenhuma televisão ma vai comprar se a pode passar sem pagar um tostão”.
“Nunca pensei no mercado cabo-verdiano porque não funciona, nem nunca vai funcionar enquanto houver toda essa pirataria. Até televisão por cabo pirata há no país e ninguém faz nada. E isso mata a indústria”, conclui Saulo Montrond.



Por que achas que é possível criar este negócio em Cabo Verde?
Porque os outros países estão fechados nos seus mercados, nós pensamos no mercado global. Não temos a ambição de produzir de Cabo Verde para o mundo, queremos é pegar em conteúdos que já existem, incentivar a produção de novos produtos, empacotá-los e vendê-los para o mundo, isso ninguém está a fazer em África neste momento.
Mas quando se fala num investimento de 200 milhões de dólares, não estamos a falar de um valor demasiado alto para a realidade cabo-verdiana?
Estamos a falar de investimentos pequenos dada a possibilidade de retorno. É um projecto de 200 milhões de dólares, mas o retorno, se o produto for bom, consegue-se numa noite. O Maximus [Junior Maximus que se sagrou campeão africano de boxe em pesos pesados, ao derrotar o marroquino Faïsal Arrami] quer disputar o mundial de boxe, e não se importava de o fazer em Cabo Verde, imagina uma prova dessas a ser transmitida por uma empresa cabo-verdiana? 200 milhões de dólares é o que Hollywood gasta num filme. Quanto lucra? Três vezes mais do que investiu? Quatro vezes? É dessa indústria que estamos a falar.
Reconheces que é um projecto que pode deixar muitas dúvidas nas pessoas?
Acreditam mais em nós lá fora do que cá dentro. No Dubai estive com pessoas que não vou dizer sequer o nome. As pessoas não têm noção do potencial que o país tem. O que fizemos com o boxe foi para construir a credibilidade. Tivemos cá um príncipe do Bahrein, uma semana, que gastou quase um milhão de dólares, e como o conseguimos? Não foi através da diplomacia, ou de um convite do governo, foi um evento desportivo. Com mais, podemos atrair qualquer pessoa a Cabo verde.